Educação relevante para um futuro impreciso

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Ontem, em um encontro com mães de amigos do meu filho, começamos a falar sobre o papel
da escola na preparação das nossas crianças para o futuro. Os modelos de ensino,
aprendizagem, avaliação e estímulo permanecem muito semelhantes àqueles que nos formou
e formou nossos pais e avós.
No entanto, o mundo está mudando completamente. A ruptura tecnológica vem transformando
todas as esferas da sociedade: da identidade dos indivíduos às nações. A inteligência artificial
e a robótica vão excluir centenas de milhares de pessoas do mercado de trabalho, um
problema de escala global que vai afetar a economia de todos os países, independentemente
do seu desenvolvimento. De acordo com um estudo da Universidade de Oxford, 47% dos
empregos vão desaparecer nos próximos 25 anos. Uma matéria da revista The Economist
afirma que os computadores serão capazes de analisar e comparar dados e tomar decisões
financeiras ou médicas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças que
estão começando a escola hoje, depois de se formarem no ensino médio ou na faculdade,
terão um trabalho que ainda não existe. Isso significa que o conceito que temos de emprego
está prestes a mudar de forma dramática e irreversível.
Então fica a questão: quando a escola do modelo industrial, com o aprendizado técnico em
escala de produção, será substituída por uma nova versão de ensino que focará nas
habilidades humanas comportamentais? A escola como fonte de conhecimento não responde
mais às necessidades de um mundo em que o conhecimento está a um clique. É preciso
abandonar essa posição e migrar rumo à formação de seres humanos críticos, conscientes,
com raciocínio lógico aguçado, criativos e capazes de inovar e resolver problemas.
Jack Ma, presidente-executivo do Alibaba Group Holding, acredita que “precisamos ensinar as
crianças a fazer as coisas que as máquinas não podem fazer. As máquinas do futuro têm
chips, mas os humanos têm corações. A educação deve seguir nessa direção.”
O professor Yuval Harari argumentou em sua entrevista no Roda Vida que hoje nós não
fazemos ideia de quais habilidades serão necessárias para o profissional do futuro. A única
certeza que podemos ter é que as pessoas precisarão continuar aprendendo e se reinventando
por toda a vida. Ou seja, esta geração chegará aos mercados com a ideia de que aceitar
mudanças é uma questão de sobrevivência, tanto quando a nossa acreditava em formação,
diploma e conhecimento de outras línguas.
Com tudo isso, o ensino nas escolas deverá andar a passos largos para permanecer relevante
na formação das gerações futuras. A educação precisará incorporar no seu DNA o propósito de
desenvolver seres humanos soberanos das máquinas e não apenas destinatários de
informações que criam redundância, sobreposição e competição com a inteligência artificial.

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